terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Pirámides de Teotihuacan, Estado de México

Por Carlos Coutinho
 Essa mulher enlouqueceu; ela pensou que eu sou seu cavalinho...

Pouco pra falar, muito pra explorar, num dos sítios arqueológicos mais fodas do México que já compete pelo lugar de lugar - muito lugar - mais foda que eu já vi na vida. Localizadas a cerca de uma hora da Cidade do México, com direito a policiais entrando no ônibus e te obrigando a esconder as cervejas, as pirâmides me transportaram pra aquelas aulas de geografia da 7ª série sobre América Pré-Colombiana que eu já me faziam perceber que humanas > o resto do mundo.

Antes de encarar os 260 degraus da Pirâmide do Sol.


É um lugar visitado por turistas de todo o mundo. Inclusive encontramos uns brasileiros, mas eles tavam gritando "Universidade do Maranhão!" e tirando fotos pulando, e não deu pra defender. O calor chegou bem perto do calor do Rio, como a gente imaginava. Se tivesse uma piscina ou uma praia, a gente tava em casa, mas tudo a seu tempo... ninguém ficou insatisfeito por aqui. Cariocas que somos, fomos com nossos trajes de malandragem, enquanto os colegas latinos foram de calça jeans, etc... não entendem paranauês de calor como nós, acontece.

E a recompensa

Por fim, já podemos ter a audácia de dizer que conhecemos um dos maiores símbolos desse país.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PLANTÃO: O primeiro quase terremoto

Por Carlos Coutinho

Deitado na minha cama, cochilo da tarde
A cama tá mexendo, cara
Seria um animal?
Seria uma novinha pessoa embaixo da minha cama?
Aí eu lembro que tô no México
Me preparo pra correr
Mas tô com sono...

E assim passei meu primeiro tremor de 1 grau na escala Richter 
Considerei um curso de preparação pra quando chegar o de verdade

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Carnaval

por Marina Bravo

"O cordão é o Carnaval, é o último elo das religiões pagãs, é bem o conservador do sagrado dia do deboche ritual; o cordão é a nossa alma ardente, luxuriosa, triste, meio escrava e revoltosa..." (Cordões. João do Rio em A alma encantadora das ruas).

Sim, estamos perdendo o carnaval. Um pouco de sofrimento por não podermos nos divertir (estamos em aula e cheios de tarefas) e aproveitar esse lindo ritual que é a festa da carne, mas cada coisa no seu tempo ;). Aqui a vida e as prioridades são outras, planos de viagem e economizar pra isso. Nem sempre dá pra aproveitar tudo, uma coisa de cada vez.

Porém, somos jovens, inquietos, indignados, #desobedientes... Já bate dentro de mim, um carnaval sem fim.

Lucha Libre

por Marina Bravo


Essa semana fomos conhecer a lucha libre. Não tínhamos ideia de como seria, mas é um must see.
É um programa muito popular no México, vão desde jovens até famílias a curtir esse show de acrobacias com um pouco de 'violência' em um nível de deboche.
É muito divertido. As vezes não se sabe quais partes da luta são ensaiadas ou saem de improviso. Há alguns golpes e jogadas padrões e que se repetem, mas nem sempre é tudo previsível.




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

¡Bienvenidos! / Resumo do primeiro mês no México





Por Carlos Coutinho
Último dia no Rio de Janeiro.
Primeiramente, "Chilangos" são os nascidos na Cidade do México (ou Distrito Federal, como a maioria chama). Explicado o  título do blog, nesse espaço pretendo contar sobre como tem sido meu intercâmbio aqui na Cidade do México. Eu e minha amiga brasileira Marina Bravo vamos nos revesando nas postagens. Hoje faz 1 mês que eu cheguei nesse país e eu enfim comecei a maior experiência da minha vida até agora, pela qual eu trabalhei muito: morar e estudar fora. Quase tudo tem sido incrível; minhas experiências têm sido em sua maioria muito positivas, é claro que já rolaram uns sufocos por aí, mas nada que me desespere, se eu gostasse do fácil não tava no México, teria ido para o Canadá com Luisa. hehehehe

O time que eu deixei pra trás.


A maior escala de todos os tempos em São Paulo; muita ansiedade e muita vontade de começar logo.
Eis que...aaaaaah moleque. Tira a mão de mim, deixa eu entrar...
14 de janeiro: cheguei no aeroporto Benito Juárez. Depois de duas intermináveis horas na fila de imigração, devido aos 90% de habitantes do meu voo que tavam indo pra Disney e não pro México, finalmente entrei nos Estados Unidos... Mexicanos. Ô glória. Estavam me esperando duas pessoas que, caramba, me ajudaram demais, a Márcia, brasileira que estuda Geografia na UFF e o Eduardo, mexicano formado em engenharia na UAM (Universidad Autónoma Metropolitana, a mesma onde eu estudo). No dia anterior eu tava na praia, com os 45 graus do verão carioca, e de repente tava ali às 7 da manhã com 7 graus. Era um frio que eu muito ansiava. O que me pegou nas primeiras horas foi o ar, aqui a cidade tem o ar bem poluído, e a altitude não ajuda. E a cidade é CHEIA, cheia demais. Um rápido resumo de como é o clima aqui: calor do inferno sob o sol, frio às vezes congelante na sombra. Sempre passo frio porque não tenho paciência pra por um monte de roupa e porque o trauma do calor do Brasil tá muito recente hehe.

Como entender o DF: gente gente mais gente adicione rapeizes pense em pessoas em geral gente gente e mais um pessoal...
Nos primeiros dias fiquei na casa da Márcia, em Iztapalapa, uma delegação (a divisão das cidades são diferentes das do Brasil. Há a cidade, dentro da cidade delegações, e dentro das delegações as colônias, que eu entendo como sub-bairros e por fim, as ruas. Pelo que eu entendi, é assim, eu posso estar muito errado) com 3 milhões de habitantes. Iztapalapa é tipo um suburbão carioca, meio chapa quente, muito comércio na rua, muita comida duvidosa, muita foto de cadáver no jornal, mas muita gente feliz e trabalhadora. Se não ficasse a duas horas da minha universidade, passaria os 6 meses por aí.

Nos primeiros dias, meu principal objetivo foi consertar a cagada que a UFRJ fez na minha candidatura com a universidade mexicana. Simplesmente não enviaram meus documentos e eu simplesmente não tinha sido aceito ainda, RISOS. Águas passadas, isso já tá resolvido, depois de dias de incerteza já sou aluno UAM e tá pesado o ritmo de estudos. Tá pesado, filho. Depois disso, conheci o centro da cidade e alguns pontos turísticos, uns museus porque eu sou culto e tal...

Perto do Zócalo, centro histórico da cidade.

Museo Nacional de Antropologia, Chapultepec

Caveiras hipster em 3-D

No meu primeiro sábado, fui à festa de boas-vindas aos intercambistas que estavam chegando. Fomos às trajineras (um tipo de embarcação) na delegação Xochimilco. É uma tradição mexicana fazer festas e comemorar aniversários nesse canal, em muitos barcos, com música, bebida e tal. Conheci gente pra caramba. Já rolaram várias festas, mas até agora essa foi imbatível.

Trajineras

Eu, Marina e umas meninas da Colômbia dizendo "TEQUILA!". No fim das contas, só eu tava dizendo...

Esse moleque do Panamá fez vergonha.
A música deste intercâmbio: 

Na universidade, tô cursando Política e Gestão Social. O campus da universidade é muito bem estruturado, tem academia, bandejão - TUDO COM PIMENTA - wi-fi e tudo mais. Tô fazendo 3 matérias que estão tirando o couro. E a rapeize mexicana é em sua maioria de direita, pra minha total tristeza e desgosto surpresa. O sistema político mexicano, pelo que eu já sei, é bem corrupto. Aqui, resumidamente, governou o PRI por 70 anos, do fim dos anos 1920 até 2000. Aí veio o PAN, declarou guerra ao tráfico, matou milhares de inocentes nessa guerra, e desde 2012 governa o PRI de novo. A primeira-dama é atriz de telenovela; o presidente me lembra o Aécio e talvez tenha matado a ex-mulher... Aqui existem só 10 partidos e mais da metade desses não têm nem 20 anos. A gente mexicana trabalha muito, ganha mal, (salário mínimo de 70 pesos; 13 reais por dia) mas tudo é proporcional, a vida é muito mais barata que no Brasil, apesar de a desigualdade ser muito mais gritante, a população estar bem segregada e nada justificar esses salários de fome que eles ganham e que os forçam a ir viver uma vida duvidosa nos Estados Unidos. Aliás, enquanto eu escrevo isso, tá passando na televisão um mexicano desarmado sendo morto a tiros por policiais de Washington... bem, isso é outra história. Quanto aos custos, com comida, aluguel, transporte público, e coisas que no Brasil pra mim são luxo, como pegar táxi e usar lavanderia, aqui são possíveis. No Brasil, sou pobre lutador; aqui sou interessante. Falando em transporte público, metrô de 12 linhas custa 1 real, vlw flw. E os ônibus custam entre 90 centavos e 1,20, depende de quantos quilômetros você vai andar. Os ônibus são zoados e pequenos, mas quem se importa? Tem metrô.

2 QUILOS DE SUCRILHOS: 13 REAIS. EU NÃO VOU EMBORA. 

Estação Chabacano do metrô, 7:15 AM

Mãe e filho se preparam pra vender fones de ouvido no metrô; custam 4 reais.

Auditorio Nacional
Homero, Gabriel e Alberto, uns pendejos nortenhos amigos meus 
Foi passando o tempo, fui conhecendo pessoas, já tenho uns bons amigos por aqui, os mexicanos, mais uma vez, são muito gente fina, querem sempre te conhecer, aprender um pouco de português - eles têm muita dificuldade de falar um "oi" que seja haha - ajudar, e sempre ajudam. Antes de finalmente encontrar um lugar pra viver, eu passei uns 4 dias na casa do Eduardo, também em Iztapalapa, com uma família mexicana muito humilde, e fui tratado como filho. Comi tortilla do forno à lenha, conversamos muito, me ajudaram em tudo que puderam. Mais uma vez: se não ficasse a duas horas da minha universidade, ficaria na casa deles todo o tempo do intercâmbio.
A família do Eduardo, com quem tive a honra de morar por uns dias.


1 de Fevereiro: finalmente me mudei pra casa onde vou morar em definitivo. Vivemos eu, a senhora dona da casa, que me dá total liberdade, e um estudante de arquitetura do Chile, o Franco. A senhora nunca tinha alugado quartos pra ninguém, e tava precisando de companhia, e eu tava precisando desse aluguel a preço de banana a 10 minutos andando da faculdade :'). No primeiro dia no meu lar doce lar, fui assistir o Super Bowl com uns amigos de Chihuahua, norte do México. Entendi pouco, bebi muito doses normais, cheguei em casa e a senhora de boas. Ela é buena onda, acho que já confia em mim, chama de "Carlitos", a convivência tá fluindo muito bem, não tem como ser diferente.

Eu e Franco mandando nas pick-ups; cooperação sul-americana na cozinha. E eu vestido como se estivesse na praia.

Por enquanto, acho que tem sido isso: estudo, festa, viagem, muito que conhecer, amigos que conheço poko mas considero pakas... Tem sido a experiência da minha vida, a saudade já tá grande, mas sei que tenho muito que viver por aqui ainda. A melhor sensação é a de ter escolhido o país perfeito pra ir viver fora, talvez eu não fosse tão bem tratado como tenho sido aqui se tivesse escolhido outro lugar. Viva México, cabrones! Saludos desde el DF. E saudades.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Intro

por Marina Bravo

A Cidade do México recebe muitos estudantes de diversas partes do mundo. Existem mesmo empresas de eventos especializadas em explorar isso, que juntam e aglomeram jovens intercambistas em festas e viagens. A preferência é não ficar muito nesse mundo e tentar conhecer o país de fato.
Sendo intercambista e estrangeiro é difícil fugir desse universo, no entanto é fácil criar uma rede com outros latinoamericanos (principalmente colombianos, que há muitos deles aqui) e mesmo com mexicanos, pois as culturas são muito similares, além de existir uma fraternidade/solidariedade latina, e acabamos nos dando muito bem.

Equilibrando os estudos com passeios, tentamos conhecer a cidade e o país da forma mais chilanga e mexicana possível, e aqui documentaremos a jornada, com dicas, curiosidades e tudo mais. A verdadeira viagem não é simplesmente conhecer, mas pertencer.

Estar em um intercambio é lançar-se em um universo paralelo, ou seja, um trecho de tempo e espaço diferente e novo. Por ser único e ter uma duração limitada, tens de vivê-lo e aproveitá-lo. Trocar, cambiar e permitir transformar-se.